Planeta Copa

Copa não é lá um ambiente muito confiável para contratar jogador
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UOL Esporte

Por Duncan Castles*

O Real Betis bateu o recorde mundial de 31 milhões de euros da época para comprar Denilson do São Paulo logo depois da Copa do Mundo de 1998. O Liverpool sacou 15 milhões de libras de sua conta bancária pelos jogadores internacionais do Senegal El Hadji Diouf e Salif Diao, enquanto Sir Alex Ferguson esbanjou 6,5 milhões de libras do Manchester United com Kleberson após a Copa da Coreia-Japão em 2002. O Tottenham Hotspur se convenceu de que era uma boa ideia concordar com uma taxa de transferência de 8,3 milhões de euros por Didier Zokora depois que ele impressionou jogando pela Costa do Marfim em 2006. Quatro anos mais tarde foi Sunderland que entregou um cheque de 13 milhões de libras para Asamoah Gyan, o centroavante que liderou Gana até às quartas de final na África do Sul.

Um olheiro experiente gosta de contar a história de quando o Barcelona recrutou Rustu Recber, considerado o melhor goleiro da Copa do Mundo de 2002 e contratado apenas pela força de seu desempenho no torneio. Depois da chegada de Rustu na Catalunha, o técnico de goleiros do Barça logo concluiu que a técnica do turco era fundamentalmente falha. A carreira do jogador na liga espanhola durou apenas quatro jogos.

Qual é o denominador comum de todas essas aquisições de Copa do Mundo? Grandes quantias de dinheiro gastas em indivíduos que pareciam fantásticos no ambiente rarefeito – e sob muitos aspectos atípicos – do mês de extravagância do futebol. E decepções similares com o desempenho de cada um deles para seus novos empregadores depois que terminou a farra quadrienal.

À medida que o recrutamento de jogadores se tornou mais científico, com a maioria dos grandes clubes expandindo seus departamentos de olheiros, acrescentando análises de dados a essa avaliação e o julgamento de experiências de anos anteriores, a Copa do Mundo diminuiu em importância como mercado. Os principais clubes da Europa aprenderam acima de tudo que comprar por impulso depois de um dos torneios esportivos mais populares do planeta não é a estratégia mais confiável.

Na Inglaterra, o Arsenal abriu caminho na sistematização dos olheiros, extraindo um valor significativo do mercado de transferências, usando as habilidades de uma rede com cerca de 80 indivíduos. Nenhum deles viajará para o Brasil para assistir à Copa do Mundo no mês que vem.

Arsene Wenger estará no Brasil, combinando o comentário televisivo com uma rara oportunidade de assistir a um torneio internacional pessoalmente, mas ele considera enviar seus olheiros bem treinados para a Copa do Mundo uma perda de tempo e dinheiro. Sua equipe de tempo integral está focada em torneios internacionais mais produtivos, viajando em grupos de dois ou três para campeonatos sub-17 na América do Sul, por exemplo, onde os olheiros podem ver os jogadores pela primeira vez – e de preferência antes de outros clubes europeus. O Arsenal já tem relatórios sobre cada jogador convocado para a Copa do Brasil 2014.

O Chelsea, que vem se especializando em adquirir talentos globais, terá uma presença física no torneio, mas não espere que isso altere os planos de recrutamento de verão da equipe. Como o modelo do Arsenal que eles tentaram imitar, o princípio é ter estudado cada jogador muito antes de ele ter sido selecionado para uma Copa do Mundo.

Os clubes da Premier League com redes de olheiros menos desenvolvidas veem ''a segurança e a viagem como principais preocupações'' e têm dificuldades de enxergar o valor dos pacotes corporativos para olheiros que podem custar mais de mil libras por dia. Enquanto alguns comparecerão, a solução padrão será monitorar os jogos em vídeo em combinação com estatísticas detalhadas de rendimento individual ao estilo ProZone lançadas na Copa do Mundo da África do Sul, há quatro anos.

''Para mim, Brasil 2014 é uma perda de tempo e dinheiro'', diz um dos principais olheiros europeus. ''O país já é caótico sem uma Copa do Mundo. Com a Copa do Mundo, ficará pior. Levará horas para ir e voltar dos jogos. Haverá protestos, haverá violência, haverá assaltos.''

Se a era em que a Copa do Mundo era uma oportunidade para identificar novos talentos acabou, este torneio terá outro tipo de impacto no mercado de transferências. Os jogadores ainda não estão renovando contratos na esperança de que jogar uma boa Copa do Mundo possa aumentar seu valor de mercado. Os clubes que estão vendendo seus talentos preciosos subirão o preço com base nos desempenhos que chamarem a atenção.

Se você é o um jogador de futebol, a Copa é o melhor lugar para se estar. Mas se você é um olheiro de um dos clubes de elite da Europa, a Copa do Mundo mal se classifica.

*Duncan Castle é jornalista esportivo e escreve para  The Sunday Times, Sports Illustrated, Champions magazine, Goal, ONE World Sports, entre outros veículos.


Portugal tenta moderar seu pessimismo para o Mundial
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UOL Esporte

Por Sérgio Ferreira de Almeida*

Pode parecer o início de uma bela piada, mas aconteceu mesmo: estava eu, português, jantando com um inglês, um francês, um alemão e um espanhol, todos jornalistas especializados em futebol, e o tema de conversa era o Mundial do Brasil. Falou-se da qualificação e de quem está mais preparado para vencer a Copa.

O inglês não está muito confiante num bom resultado, aliás como tem acontecido nos últimos anos. O francês, por natureza grande defensor do país, desta vez também não está muito convencido da qualidade do futebol dos gauleses. O alemão, mais reservado, não quer parecer muito otimista e não faz grandes prognósticos. O espanhol acredita que os atuais detentores do título mundial e europeu vão chegar à final com o Brasil!

Dos portugueses, todos esperam que passem a fase de grupos, mas não acreditam que Cristiano Ronaldo e companhia tenham chance de chegar muito mais longe. Esse sentimento não é muito diferente em Portugal. Desde que Paulo Bento assumiu o comando da equipe que o país se habituou a não esperar muito. Não é um treinador que crie muitas expectativas, não é alguém que transmita muito entusiasmo quando fala aos torcedores. Mas também não podemos esquecer que depois de Scolari, que é um verdadeiro mestre na arte de mover multidões, nenhum treinador foi capaz de envolver tanto o país no espírito da seleção nacional.

De qualquer forma, nos últimos dias a euforia e o otimismo aumentaram. O ranking da Fifa foi divulgado e a seleção portuguesa está atrás apenas de Espanha, Alemanha e Brasil. E queira ou não há um entusiasmo que cresce quando se vê a equipa nacional tão bem classificada.

Mas também é neste momento que surge o lado mais pessimista dos portugueses: nas conversas de café há sempre um especialista de bola que vai lembrar que este quarto lugar no ranking Fifa ainda não se traduziu em qualquer título, pelo menos na seleção principal. Há sempre alguém que faz questão de recordar que a classificação para a Copa do Mundo do Brasil foi bem mais difícil que o inicialmente previsto. O passaporte para Mundial só foi carimbado depois de muito sofrimento, na repescagem contra a Suécia de Ibrahimovic. A alegria foi enorme no final da partida, mas não apaga da memória recente os empates com Israel e os jogos difíceis contra a Irlanda do Norte e o Azerbeijão nas eliminatórias.

Agora, se bem conheço o meu povo, acredito que no fundo, bem lá no fundo, quase todos, mesmo os mais pessimistas, alimentam a secreta esperança de que os jogadores portugueses se superem e façam uma Copa do Mundo excepcional, empurrados pelo grande motor do grupo, um Cristiano Ronaldo que está fazendo uma grande temporada.

*Jornalista português, Sérgio Ferreira de Almeida trabalha há 10 anos para a SIC, televisão privada de Portugal. Há três anos colabora com a Euronews, canal internacional de informação.


O ‘clima’ de Copa está chegando, mas e os protestos?
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UOL Esporte

Por Tim Vickery

Eu fui do Rio para Londres três semanas antes do início dos Jogos Olímpicos de 2012. Ao chegar, a cobertura do evento não poderia ser mais negativa; a arrogância do COI (Comitê Olímpico Internacional), suas faixas de trânsito especiais para os VIPs e o fato de pequenos comércios não poderem usar o logo dos anéis olímpicos; nos jornais, não havia outras coisa a não ser reclamações.

O clima começou a mudar quando a tocha olímpica fez uma viagem por vários bairros de Londres. As pessoas começaram a se sentir parte daquilo. Os londrinos começaram a sentir que a Olimpíada era deles – um sentimento que se fortaleceu ainda mais e ganhou uma dimensão nacional com a incrível e peculiar cerimônia de abertura de Danny Boyle.

Galvão Bueno pode não ter ficado perplexo com ela, mas esse não é o ponto. A cerimônia não era exatamente para ele. Ela fez com que os locais se sentissem representados, e preparou terreno para a capacidade do evento em trabalhar sua magia ao longo das duas semanas seguintes.

Leia a matéria completa no UOL Copa do Mundo


Todos no Chile rezam pela recuperação de Vidal
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UOL Esporte

* O Carteiro da Ilha Negra

Muitos dos fanáticos torcedores da seleção chilena sequer devem ter ouvido falar no clube de futebol ''Rodelindo Román''. É um time da comunidade de San Joaquín, em Santiago, que tem cerca de 60 anos e serve para que muitos jovens e meninos tenham uma via de escape, pelo menos momentânea, para os problemas que assolam uma região onde os recursos econômicos são escassos.

A camisa do ''Rodelindo Román'' foi a primeira usada por Arturo Vidal, hoje a figura máxima do futebol chileno. Talvez por isso são seus torcedores e jogadores os que mais sofrem com as notícias sobre o volante da Juventus.

Olhando para trás, a tragédia começou a ser escrita no final de março, quando o volante teve de abandonar a partida contra o Napoli por causa de uma dor em um dos joelhos. Muito se especulou, a poucas semanas da Copa do Mundo, sobre o verdadeiro estado da estrela da ''Roja''. A esperança voltou quando ele vestiu a camisa da ''Juve'' para participar da semifinal da Liga da Europa. No entanto, alguns dias depois a notícia conhecida abalou todo o meio futebolístico: Vidal tinha de ser operado.

Em 7 de maio passado, em Barcelona, se realizou a cirurgia. O objetivo? Que Vidal chegue 100% recuperado ao evento no Brasil.

Não é preciso ser adivinho para saber que a incerteza tomou conta da grande maioria dos chilenos. Uma operação desse tipo, segundo muitos médicos, deveria ter uma recuperação de pelo menos um mês e meio, o que eliminaria o meio-campista da disputa da Copa.

Sua fé, e a de milhões e milhões de compatriotas, convidam à esperança. Vidal é fundamental no esquema de Jorge Sampaoli. Não é por acaso que o Chelsea, o Real Madrid, o Manchester United e o Barcelona estão de olho nele. A resposta da Juventus não demorou. Quem quiser ter o polivalente jogador deve desembolsar US$ 70 milhões.

A esta altura, pouco importa aos chilenos a futura equipe de Vidal. As orações são dirigidas a outro objetivo: que se recupere e seja o destaque que todos esperam no Brasil 2014.

*O Carteiro da Ilha Negra, pseudônimo do jornalista chileno que analisa a Copa 2014 para o UOL Esporte, é uma referência a Mario Jiménez, personagem da obra “O Carteiro e o Poeta”.


Irã carrega orgulho persa e rara chance para sua população
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UOL Esporte

Nima Ghadakpour*

Após três semanas de discussão e votação, os iranianos escolheram “O orgulho da Pérsia” como slogan da sua seleção que vai disputar a Copa do Mundo no Brasil. É um slogan que tem suas raízes nos conflitos regionais.

Os iranianos, cercados pelos países árabes do Golfo Pérsico, se sentem isolados e ameaçados pelos vizinhos. Consequentemente, o futebol, além de uma mera competição esportiva, se torna uma arma para mostrar superioridade nacional sobre os adversários regionais.

Foi por isso que mais de 300 mil iranianos votaram nesse slogan, “O orgulho da Pérsia”, ainda mais este ano, quando o Irã será o único país do Oriente Médio presente no Brasil. Seu principal adversário regional, a Arábia Saudita, que costuma ir aos Mundiais, foi eliminado.

Lendo a maior parte dos jornais não oficiais no Irã, constata-se um ponto em comum: este ano os persas vão participar da Copa do Mundo em nome de todos os países árabes muçulmanos da região, cuja tarefa é duas vezes mais difícil para os jogadores. Jogadores que, assim como a maior parte dos iranianos comuns, não pensam representar o mundo muçulmano, mas que ainda assim querem brilhar e mostrar que o Irã é um país de futebol e que tem uma história nesse contexto.

Desde sua primeira partida oficial, em 1941, contra o Afeganistão, a seleção iraniana evoluiu muito. Além disso, esta é sua quarta participação em Copas do Mundo, sabendo que durante oito anos de guerra entre Irã e Iraque o país foi privado de participar das eliminatórias para as Copas de 1982 e 1986. Após esse período de guerra, o país participou de duas Copas do Mundo: a de 1998, na França, e a de 2006, na Alemanha.

Assim como boa parte do mundo, os iranianos têm um carinho especial pelo Brasil quando se fala em futebol. Em sinal desse reconhecimento, alguns clubes iranianos escolheram a cor amarela para suas camisas oficiais. Apesar da distância entre o Irã e o Brasil, a crise econômica e as restrições de vistos, o número de iranianos que compraram ingressos para as três primeiras partidas de sua equipe é impressionante. Basta ligar para as agências de viagem de Teerã para perceber que já há muito tempo os ingressos para as partidas foram vendidos. Como diz Carlos Queiroz, português que é técnico do Irã, “o entusiasmo pelo futebol no Irã não tem limites”.

É um sonho para os fãs verem sua equipe jogar no Brasil, mas eles são realistas. Segundo a última pesquisa de opinião feita pelo “90”, o programa de TV mais visto do país, dedicado inteiramente ao futebol, mais de um milhão de iranianos acreditam que o Team Melli, a equipe nacional, não vai se classificar para a segunda fase. O Irã irá enfrentar a Argentina, a Nigéria e a Bósnia. No entanto, a equipe nacional iraniana é a melhor seleção da Ásia no último ranking mundial da Fifa, à frente de sua adversária africana, a Nigéria.

Em compensação, os iranianos esperam de sua equipe que ela se mostre unida, que lute até o fim e que não se desarme rapidamente diante de uma equipe como a Argentina. Afinal, os iranianos querem que sua equipe surpreenda, não necessariamente para se classificar, mas para que no Brasil toda a mídia mundial fale de seu país de forma que o tema do futebol supere o da crise nuclear e dos desentendimentos com a comunidade internacional.

Ao mesmo tempo, uma vitória do Irã daria aos iranianos uma rara ocasião para que eles saíssem às ruas das grandes cidades do país. São raras as ocasiões para os iranianos ocuparem as ruas, seja para manifestar alegria ou descontentamento. A Copa é a maior chance disso.

* Nima Ghadakpour é jornalista iraniano e colabora com vários veículos internacionais, entre eles o Euronews.com


Basta uma geração dourada para o Chile surpreender?
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UOL Esporte

O Carteiro da Ilha Negra*

Sem dúvida que este Mundial é vivido de maneira diferente no Chile. A efervescência provocada nos torcedores para conseguir ingressos e a grande quantidade de compatriotas que viajarão ao Brasil sem ter um ingresso deram a esse evento planetário um caráter muito diferente daquele da África do Sul.

E os motivos podem ser muitos. Para começar, a proximidade do país sede. É indubitável que viajar ao Brasil – não são poucos os que o farão de automóvel – é muito mais fácil do que ir ao continente africano. Além disso, é a primeira vez que o Chile se classifica para dois mundiais consecutivos. Mas, e nisto é preciso ser responsável, são milhares aqueles que pensam que o Chile poderá ser uma surpresa.

Há algo nesta geração que apela à ilusão. O momento de Alexis Sánchez no Barcelona, de Arturo Vidal na Juventus, de Charles Aránguiz no Internacional de Porto Alegre, de Eduardo Vargas no Valencia e de Gary Medel no Cardiff, só para citar alguns, faz que essa ilusão seja mais viva que nunca.

Muitos falam da geração dourada do futebol chileno. Uma geração que foi a base do terceiro lugar do Mundial sub 20 do Canadá, em 2007. Uma geração que se esqueceu dos triunfos morais e que sonha em ser campeã do mundo. Uma geração que joga em sua maioria nas grandes ligas da Europa. Uma geração que abandonou em idade precoce o futebol chileno para desenvolver-se longe de casa.

Isso basta para fazer um bom papel? Não. Mas ajuda. Austrália, Holanda e Espanha são os rivais a vencer. No papel, um grupo mais que complicado, no qual se brigará para avançar à fase seguinte com os finalistas da edição passada.

No entanto, o que foi exibido em amistosos contra potências (Inglaterra, Espanha, Alemanha e Brasil), a filosofia de jogo de Jorge Sampaoli e a mentalidade dos selecionados são motivos mais que suficientes para que um país inteiro mantenha viva a ilusão até que toque o apito em 13 de junho, dia em que o Chile ficará paralisado para ver a estreia de nossa seleção contra a Austrália.

*O Carteiro da Ilha Negra, pseudônimo do jornalista chileno que analisa a Copa 2014 para o UOL Esporte, é uma referência a Mario Jiménez, personagem da obra ''O Carteiro e o Poeta''.


Portugal precisava da revolução de Quaresma para a Copa
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UOL Esporte

Por Luís Aguilar*

O tema tem dominado a convocação da seleção portuguesa. Ricardo Quaresma volta a ficar fora de um Mundial. Pela quarta vez consecutiva na sua carreira. Agora, foi Paulo Bento que preferiu deixar em casa o extremo do Porto. O mesmo já tinha acontecido com Antônio Oliveira (2002), Scolari (2006) e Carlos Queiroz (2010).

Aos 30 anos, esta era a última oportunidade que Quaresma tinha para representar Portugal na competição mais importante do Mundo. Começou a temporada no Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, e parecia estar em período de pré-reforma para ganhar uns bons milhões antes de pendurar as chuteiras. Mas, no mercado de inverno, o “Harry Potter” do futebol português (alcunha pela qual é conhecido pela magia do seu jogo) voltou ao Porto para relançar a carreira e tentar ficar entre os 23 escolhidos de Paulo Bento.

Os dragões – apelido do Porto – realizaram a pior época dos últimos 30 anos, mas Quaresma foi o destaque do time. O único elemento capaz de remar contra a maré e fazer a diferença num plantel desmotivado. Tornou-se, rapidamente, a estrela dos dragões, mas nem o seu gênio impediu que o Porto terminasse a temporada sem qualquer título e com vários resultados humilhantes. Ainda assim, as suas apresentações foram suficientes para que Paulo Bento o incluísse entre os 30 pré-convocados. Parecia que era desta vez. Finalmente, o cigano mais famoso de Portugal teria oportunidade de mostrar as suas famosas trivelas na Copa do Mundo. Mas na segunda-feira passada ficamos a saber que novamente não seria desta vez. Paulo Bento deu a entender que Quaresma não tem a força emocional que ele procura noutros jogadores. E preferiu convocar Nani e Vieirinha, dois extremos muito pouco utilizados nos seus clubes durante esta temporada. Com Quaresma na convocação, iriam sempre ser levantadas questões sobre a mais do que provável titularidade de Nani. Assim, Paulo Bento prefere matar o problema pela raiz e não ter de ser confrontado com esta opção quando estiver no Brasil. Uma decisão esperada, mas polêmica.

Hospital de campanha

O selecionador português tem uma característica comum às de Scolari: é conservador nas escolhas e não abdica dos seus preferidos, mesmos quando estes estão com pouco ritmo competitivo, como Nani e Hélder Postiga. Os dois deverão ser titulares no ataque juntamente com Cristiano Ronaldo. Mas Nani pouco ou nada jogou no Manchester United e Postiga, a serviço da Lazio, esteve lesionado grande parte da temporada. O seu nome engrossa uma lista de jogadores que estão com problemas físicos e que, neste momento, fazem da Seleção Nacional uma espécie de hospital de campanha.

Os feridos são muitos. Pior ainda: um deles é Cristiano Ronaldo. O capitão, a estrela da equipe, o Bola de Ouro. Luta contra uma lesão muscular quando ainda tem de jogar a final da Champions. Sem ele em condições, Portugal é uma seleção banal. Tem bons jogadores, fortes no processo defensivo, mas fica sem a força letal do seu homem mais perigoso. Neste momento, os portugueses estão em sobressalto. O melhor será deixar CR7 em total repouso até ao jogo inaugural com a Alemanha. E aqui volta a levantar-se o tema Quaresma: Cristiano pode não se recuperar bem, Nani não tem ritmo, Vieirinha pouco jogou e Varela fez uma temporada fraca, de acordo com quase todos os jogadores do Porto, à exceção de… Quaresma. O seu gênio, o seu repentismo, a sua criatividade e o poder no mano a mano poderiam ser armas fundamentais num ataque que se amargura entre os pouco utilizados e os lesionados.

Sobrinho-neto de um revolucionário

Quaresma vem de uma família de futebolistas e poderia ter sido o primeiro a vestir a camisola das quinas numa Copa do Mundo. Nenhum dos seus antecessores o conseguiu. Mas o seu tio-avô também chegou a internacional. Artur Quaresma representou Portugal em três ocasiões. Num desses momentos, desafiou o regime de Antônio Oliveira Salazar e esteve quase a ser encarcerado. Recuemos a 1938…

Salazar e Franco combinam um jogo de futebol entre as seleções de Portugal e Espanha. Uma forma de promover os dois governos fascistas através da força do desporto-rei. O jogo realiza-se a 30 de janeiro, no Campo das Salésias, em Lisboa. Portugal vence por 1 a 0, mas o episódio mais marcante acontece antes do apito inicial. Todos os jogadores portugueses fazem a saudação fascista. Todos… menos três atletas do Belenenses: Artur Quaresma, Mariano Amaro e José Simões. A história é contada no livro “Desporto com Política” (2011), do jornalista António Simões: “Quaresma deixou-se ficar em sentido, Simões e Amaro levantaram os braços, mas em vez de abrirem a mão em palma, cerraram os punhos, dando ao gesto sentido bem diferente – e a censura obrigou a revista Stadium a publicar a fotografia, com uns dedos pintados, espetados, em lugar das mãos fechadas.”

Os três jogadores são interrogados pela PIDE. Quaresma encontra uma desculpa para não ser preso. “Não dei por nada, estava distraído.” Mas o gesto de Amaro e Simões não deixa espaço para outras interpretações. Ficam encarcerados 15 dias. “Eu ia lá visitá-los, mas avisaram-me que não aparecesse mais porque os polícias não estavam nada convencidos da minha inocência e diziam: ‘Esse Quaresmita também devia cá estar.’”Amaro e Simões temeram o pior, mas acabaram por ser libertados devido ao peso que o Belenenses tinha naquela época por causa de figuras influentes como os políticos Américo Tomás e Henrique Tenreiro. O momento ficou conhecido como a “Rebeldia das Salésias” e os três jogadores seriam os primeiros homens do futebol a furtarem-se à saudação fascista do Estado Novo.

Artur fez uma carreira bem mais modesta do que o seu sobrinho-neto, mas está na história do desporto português. Ricardo herdou da família o espírito revolucionário. Tem o coração perto da boca, explode com facilidade e cai com frequência em casos de indisciplina. Mas também é um rebelde dentro de campo. Um jogador capaz de pintar um quadro diferente, longe da monotonia. Nega-se a ser “mais do mesmo”. Inventa, constrói e tenta. Por vezes, falha. Mas o seu inconformismo fazia muita falta a uma seleção que vai viajar para o Brasil com um ataque repleto de curativos e infiltrações.

*Luís Aguilar é jornalista e escritor português. Tem trabalhado em diversos jornais, revistas e televisões, destacando-se o jornal Record, Correio da Manhã, revista Sábado, Playboy, CMTV e SIC. Também é autor de vários livros sobre futebol, entre os quais o recente “Jogada Ilegal”, sobre a corrupção na FIFA. No Twitter, @LuisAguilar__


O Brasil ainda tem o melhor futebol do mundo?
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UOL Esporte

Por Tim Vickery

''O Brasil tem o melhor futebol do mundo'' é uma frase que precisa ser repensada.

Talvez não pensando no futebol da seleção brasileira. Ninguém pode alcançar os cinco títulos mundiais do Brasil, que também é forte candidato a conquistar o hexacampeonato no dia 13 de julho. Mas ''melhor do mundo''não pode se aplicar ao futebol dos clubes, conforme ficou comprovado na Copa Libertadores deste ano.

Na verdade, esse momento está chegando há algum tempo, escondido apenas por aqueles incapazes de lidar com a realidade pelo fato de clubes brasileiros terem vencido as últimas quatro edições da Libertadores até aqui.

A dominação deveria ser muito maior – existe um abismo financeiro entre os times do Brasil e os outros do resto do continente. No ano passado, por exemplo, a folha salarial de todo o time do Olimpia, do Paraguai, não seria o suficiente para pagar o salário de Ronaldinho Gaúcho, a estrela do Atlético-MG. E apesar disso, a diferença nunca ficou aparente quando os dois times se enfrentaram em uma final definida nos pênaltis.

Leia o texto completo no UOL Copa do Mundo


Rooney precisa fazer pela Inglaterra o que faz na Inglaterra
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UOL Esporte

Por Dominic Fifield*

A expectativa de uma nação foi abordada por Roy Hodgson assim que a Premier League entrou em sua fase final. ''Talvez, uma ou duas vezes no passado, ele não explodiu no cenário mundial como no nacional, onde todos nós o aceitamos com um jogador extraordinário'', disse o técnico da Inglaterra enquanto contemplava o impacto potencial de Wayne Rooney na Copa do Mundo que se aproxima. ''Mas haverá uma oportunidade para ele mostrar no Brasil que não é apenas um grande astro da Premier League, mas um astro mundial. A mensagem para ele é: 'Esta é a sua chance'.''

O desafio não poderia ser mais claro. A seleção nacional esperou demais por Rooney, um de seus principais talentos, ter um impacto positivo em um grande torneio e, aos 28 anos, seu tempo está se esgotando. Assim como a paciência de algumas pessoas. O atacante pode realizar campanhas iluminadas regularmente pelo Manchester United, e permaneceu como um dos principais destaques mesmo na primeira temporada traumática desde a saída de sir Alex Ferguson de Old Trafford, mas ele deixou a desejar em grandes competições internacionais desde sua notável contribuição aos 18 anos na Euro 2004.

Rooney foi expulso na partida em que Portugal eliminou a Inglaterra na Copa do Mundo de 2006, e esteve irreconhecível em suas apresentações infelizes na África do Sul, quatro anos depois. Sua suspensão por chutar um jogador de Montenegro nas eliminatórias da Euro 2012 fez com que ele perdesse os dois primeiros jogos antes de outro desempenho decepcionante na partida contra a Itália, que eliminou os rapazes de Hodgson da competição. A narrativa se tornou familiar demais, com apresentações brilhantes ao longo das campanhas classificatórias –ele foi o principal artilheiro no Grupo H, com sete gols – apenas para apresentações medíocres quando chega a hora dos torneios.

O atacante tende a se ressentir quando se sente incapaz de dar seu melhor. Quando a boa forma o abandona, seu humor escurece. A África do Sul foi o ponto mais baixo, quatro partidas jogadas sob uma nuvem de questões pessoais não resolvidas em casa e arrematadas por uma explosão diante de uma câmera de televisão, após um desanimador empate sem gols com a Argélia na Cidade do Cabo. Um jogador com 38 gols em 89 partidas pela seleção deveria ser um talismã, mas ele ainda tem muito a provar para seu país. Mesmo a Nike, que lhe paga generosamente para vestir suas chuteiras, fez um filme em sua mais recente campanha publicitária sobre Rooney nunca ter marcado um gol em uma Copa do Mundo.

Ao menos o próprio jogador também reconhece que sua hora tem que ser agora. ''Isso é o que quis fazer em todos os outros torneios e não aconteceu'', ele disse. ''Mas sempre fui determinado, sempre quis jogar bem e quis ajudar a Inglaterra a ser bem-sucedida. Logo, nada mudou. Eu não vou colocar nenhuma pressão adicional sobre mim mesmo, mas quero jogar bem e isso é o que todos nós acreditamos que podemos fazer, então é o que faremos.'' A esperança é que agora ele esteja mais sábio, até mesmo mais ávido que nunca em provar sua qualidade. Certamente há uma aceitação de que a Inglaterra, já considerada um azarão a causar qualquer impacto no Brasil, só se classificará em um grupo difícil se Rooney realmente jogar o que sabe. Em sua nova parceria com Daniel Sturridge, uma dupla que apenas exibiu lampejos de entrosamento, está a esperança da Inglaterra. O meio-campo é abastecedor, as laterais nunca se mostraram tão fortes. Os atacantes deveriam estar animados com o torneio que se aproxima.

Confira os convocados da seleção inglesa
  • Clive Rose/Getty Images
    Goleiros
    Joe Hart (foto), Fraser Forster e Ben Foster
  • Clive Brunskill/Getty Images
    Defensores
    Glen Johnson, Phil Jones (foto), Gary Cahill, Phil Jagielka, Chris Smalling, Leighton Baines e Luke Shaw
  • Richard Heathcote/Getty Images
    Meias
    Steven Gerrard (foto), Jack Wilshere, Jordan Henderson, Frank Lampard, James Milner,Ross Barkley, Adam Lallana
  • Alastair Grant/AP
    Atacantes
    Raheem Sterling, Alex Oxlade-Chamberlain, Wayne Rooney (foto), Daniel Sturridge, Danny Welbeck e Rickie Lambert

Logo, tanto física quanto psicologicamente, Rooney estará pronto, mesmo após uma campanha doméstica inglesa rigorosa? Esta foi uma campanha lamentável para o United, com os nove meses de David Moyes como substituto de Ferguson interrompidos abruptamente no final de abril, com sua demissão pelo clube diante da realidade de sua pior classificação na Premier League renovada e, com isso, o choque de ficar fora da Liga dos Campeões e até mesmo da Liga da Europa na próxima temporada. Isso é inaceitável. Rooney continua sendo o principal artilheiro na liga, um jogador cuja forma às vezes carregou o time, mesmo que esta também não tenha sido sua melhor temporada.

Houve um frenesi de especulação no ano passado, com o Chelsea aspirando atrair o jogador para Londres e sua abordagem linha-dura nas negociações com o United lhe garantindo em fevereiro um novo contrato de cinco anos e meio, no valor de 300 mil libras por semana. Por ora, isso fez com ele desse o melhor de si. Uma pausa de um mês para reabilitação de uma lesão lhe ofereceu espaço para respirar, mas logo voltou a enxurrada habitual de preocupação: ele jogou contra o Bayern de Munique nas quartas de final da Liga dos Campeões com uma lesão no dedão do pé, com seu desconforto aliviado apenas temporariamente por uma injeção de analgésico que, assim como reduziu a dor, reduziu seriamente o desempenho de Rooney.

Mais recentemente, uma lesão na virilha deixou Hodgson desconfiado. O atacante não participou da derrota de sua equipe para o Sunderland – a sétima derrota em casa do United na temporada– em maio, enquanto tratava a lesão, com preocupação sendo expressada pelo estado de sua forma física. O técnico da Inglaterra só levará jogadores em condições plenas para a Copa, mas Rooney é a exceção: se ele ainda estiver com dores na virilha, mesmo assim ele participará, tamanha é sua importância para a equipe.

Rooney claramente não está plenamente em forma. Ele costuma demorar mais para retornar de problemas desse tipo do que os prognósticos iniciais sugerem. Famosamente, quando Rooney se machucou contra o Bayern há quatro anos, antes da Copa do Mundo na África do Sul, Ferguson disse após a partida que não era nada sério e que esperava que ele estaria ''disponível na próxima semana''. Mas ele demora a retornar à sua melhor forma e deixá-lo de fora também não resolve. Rooney precisa de tempo para redescobrir seu melhor após voltar de uma pausa. ''Sempre que ele fica fora algumas poucas semanas por uma lesão'', escreveu Ferguson em sua autobiografia, ''Wayne perde sua forma rapidamente''. Ele é um jogador que precisa do ritmo e regularidade que se consegue apenas jogando.

Isso faz a Inglaterra transpirar de preocupação. ''Sim, ele estará um pouco cansado quando formos (para o Brasil), assim como Luis Suárez, David Luiz e vários outros jogadores, porque também estavam jogando na Premier League'', disse Hodgson. ''Wayne tem 28 anos, é uma idade excelente, e este é o palco mundial. É a oportunidade perfeita para ele provar às pessoas de todo o mundo o que já sabemos –que ele é um jogador muito, muito dotado, um jogador completo, capaz de atuar em muitas posições e alguém capaz de liderar sua equipe, que é uma das melhores do mundo. Será bom vê-lo reproduzindo essa forma pela Inglaterra e estou confiante de que ele o fará.''

O páis está realista a respeito das chances da Inglaterra. Mas, quando se trata do atacante no qual regularmente depositaram suas esperanças, a expectativa é grande.

*Dominic Fifield é jornalista britânico baseado em Londres e escreve sobre futebol para os jornais “The Guardian” e “Observer”. No Twitter, @domfifield

Tradução: George El Khouri Andolfato


Copa sem Maradona não é igual, mas no Brasil é até parecido
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UOL Esporte

Por Fernando Moura*

Desde pequeno o futebol é parte da minha vida. Lembro-me vagamente de sair a comemorar com a família, bandeira de plástico em mão, o Mundial de 1978 que a Argentina ganhou no Momunental de Nuñez com aquele gol do Mário Kempes.

Aos poucos fui entendendo algo de futebol. Comecei a ir ao estádio ver o Boca Juniors com o meu pai. O primeiro jogo foi na Bombonera de Buenos Aires no campeonato “Metropolitano” de 1981. Maradona vestia a camisa 10. Depois desse dia, tudo mudou.

No ano seguinte, veio a primeira TV a cor que o meu pai comprou uns dias antes do início da Copa de 1982, na Espanha. Lembro de sair correndo da escola ao meio-dia para chegar em casa e ver os jogos que começavam quando soava a campainha do fim da aula. E, claro, ver o Maradona jogar.

Na final da Copa do Mundo de 1986, deixamos a minha mãe praticamente sozinha no hospital com a minha avó – havia nascido na noite anterior a caçula da família. Mas era justificado. Irmã ia ter o resto da vida, já a final do Mundial com o “barrilete cósmico” – leia-se Diego Armando Maradona –, quem sabia se repetiríamos.

E repetimos na Itália em 1990. Mundial sofrido, equipe ruim, país dividido porque a comunidade italiana – há quem diga que metade da Argentina tem costela italiana – não sabia por quem torcer. E final de novo, e de novo Alemanha, e Maradona machucado, e sofrimento, quanto sofrimento.

Uns meses mais tarde, a decepção. Diego apanhado no antidoping e fora dos campos. A eliminatória para a Copa dos Estados Unidos foi uma vergonha e entramos na repescagem depois de perder por 5 a 0 contra a Colômbia em Buenos Aires. E outra vez a ilusão: Maradona voltava ao futebol para disputar os jogos contra a Austrália. Passamos e fomos ao Mundial. Na primeira fase demos show, “El Pibe” vibrou, e outra vez a decepção…

Os seguintes mundiais foram interessantes, mas nada demais. Na França, em 1998, realizei dois sonhos: trabalhei com o locutor que imortalizou Maradona como “barrilete cósmico” e com o próprio como comentarista. A empolgação já não era a mesma, mas ele ainda estava por perto.

Dali para frente trabalhei muito no mundo do futebol e em eventos Fifa e até parece que o misticismo do Mundial passou. A paixão parece que minguou, já não era igual, até que com a chegada de Maradona a técnico da seleção nas sofridas eliminatórias para a África do Sul o sentimento voltou e a força e a vontade de ser campeão do Mundo regressou. Em 2010 caímos, mas de pé.

Agora, em 2014, para ver o Maradona, só acompanhando a Copa pela TeleSur da Venezuela, emissora para a qual ele trabalhará como comentarista. Mas parece que os argentinos da minha geração sinalizam ter encontrado empolgação semelhante frente a um novo desafio. O desafio de jogar um Mundial quase em casa. Mas a casa é, na verdade, a da sogra, do sogro, do irmão da namorada, do vizinho chato, daquele que se louva com razão de ser o maior campeão da história.

Difícil explicar, difícil porque no Brasil argentino sofria em jogos da Libertadores, duros, difíceis, tardios por causa da novela, em campos largos e compridos de gramado alto, com juízes “locais”. Foram façanhas imensas de times argentinos, e decepções de iguais dimensões.

Este Mundial é diferente, é o Mundial que todo argentino sonhou, que toda a Argentina há 8 anos diz que quer assistir, que quer ir, que quer cantar, mas será também o Mundial de poucos, porque não há ingressos, porque são poucos os que terão a hipótese de gritar dentro do campo. Talvez seja o Mundial da participação cidadã. Porque muitos deverão ir ao Brasil para sentir o clima, sentir como é possível ser “local” na terra do vizinho, cruzando a fronteira de bandeira em punho não para conquistar, mas sim para ganhar.

No meu caso, por essas loucuras do destino, assistirei a um jogo da “albiceleste” em campo, na arquibancada. Sim, quase na candonga. Em uma sorte imensa, na loucura do melhor amigo, decidimos que compraríamos, às cegas, o jogo F4 x F1. Sim, esse. E no sorteio da Costa do Sauípe deu Nigéria X Argentina, em Porto Alegre. Lá estaremos porque “Oid, Mortales, El grito sagrado” (Ouvi, mortais, o grito sagrado, o primeiro verso do hino nacional argentino).

*Fernando Carlos Moura, nascido em Escobar, província de Buenos Aires, é jornalista desde 1990. Trabalhou em diversas rádios, jornais e emissoras de TVargentinas. Na Europa, trabalhou na SIC, TVI e RTP2 de Portugal e cobriu diversos campeonatos internacionais pela MediaPro/MediaLuso na Europa e no Golfo Pérsico.

O "Galvão" deles nas Copas
  • Arquivo/AFP
    Ouça a narração argentina do golaço de Maradona em 1986
    Cinco minutos após marcar o histórico gol de mão, aos 10? do 2º tempo, Dieguito passou por meio time da Inglaterra para classificar a Argentina para as semifinais da Copa do México. Relembre o gol na narração emocionada de Victor Hugo Morales, da rádio Continental. Foto: Arquivo/AFP