Planeta Copa

Arquivo : Chile

Um país está por trás do Chile. Mas, na frente, está o Brasil
Comentários Comente

UOL Esporte

*O Carteiro da Ilha Negra

Falar do Brasil para os chilenos é quase como se aparecesse uma fera no caminho. E se o jogo é num Mundial, pior ainda. É caso de se olhar o passado. Em 1962, o Chile organizou a Copa do Mundo. Nas semifinais, todo o país estava esperançoso. À frente estava a seleção brasileira. O balde de água fria não demorou: o “Scratch” ganhou por 4 a 2 para, depois, terminar como o melhor da Copa, enquanto o Chile teve que se conformar com o terceiro lugar.

Em 1998 os chilenos voltaram à Copa após 16 anos. A expectativa era enorme. Milhares e milhares de compatriotas viajaram à França para ver o time liderado pelos artilheiros Marcelo Salas e Iván Zamorano. Invicto na fase de grupos, com direito a um polêmico empate contra a Itália na estreia, o Chile acabou tendo que enfrentar o Brasil nas oitavas de final. O sonho parou ali: 4 a 1 para Ronaldo e companhia.

A história se repetiu na África do Sul. O Chile estava nas mãos do argentino Marcelo Bielsa e de uma geração que não cedia ao impossível. Uma eliminatória muito boa fez com que os chilenos tivessem esperança de avançar na Copa. Mas o sorteio dos grupos mais uma vez colocou o Brasil no caminho da ‘Roja’. A história, mais uma vez, não teve um final feliz para os chilenos: 3 a 0 para o Brasil.

Neste sábado o Chile terá uma nova oportunidade. Talvez o cenário não seja o melhor. O Brasil joga em sua casa, com um Neymar inspirado e com o objetivo de ganhar o Mundial. Mas o Chile já fez história vencendo pela primeira vez a Espanha e, de quebra, eliminou o atual campeão.

Bravo, Medel, Vidal, Sánchez e Vargas cresceram sonhando ser campeões do mundo. E eles acreditam de verdade. Para eles não existem triunfos morais. Tampouco derrotas honrosas. O verbo que conjugam desde que estão concentrados em Belo Horizonte é triunfar.

Eles carregam em suas costas a esperança de milhões e milhões de chilenos. E estão decididos a esculpir uma obra que sem dúvida poderá levá-los ao ponto mais alto da história do futebol chileno. Todos um país está por tras deles. O problema? Na frente está o Brasil, embora a confiança de um país inteiro é que a quarta vez será a da vitória.


Todos no Chile rezam pela recuperação de Vidal
Comentários Comente

UOL Esporte

* O Carteiro da Ilha Negra

Muitos dos fanáticos torcedores da seleção chilena sequer devem ter ouvido falar no clube de futebol “Rodelindo Román”. É um time da comunidade de San Joaquín, em Santiago, que tem cerca de 60 anos e serve para que muitos jovens e meninos tenham uma via de escape, pelo menos momentânea, para os problemas que assolam uma região onde os recursos econômicos são escassos.

A camisa do “Rodelindo Román” foi a primeira usada por Arturo Vidal, hoje a figura máxima do futebol chileno. Talvez por isso são seus torcedores e jogadores os que mais sofrem com as notícias sobre o volante da Juventus.

Olhando para trás, a tragédia começou a ser escrita no final de março, quando o volante teve de abandonar a partida contra o Napoli por causa de uma dor em um dos joelhos. Muito se especulou, a poucas semanas da Copa do Mundo, sobre o verdadeiro estado da estrela da “Roja”. A esperança voltou quando ele vestiu a camisa da “Juve” para participar da semifinal da Liga da Europa. No entanto, alguns dias depois a notícia conhecida abalou todo o meio futebolístico: Vidal tinha de ser operado.

Em 7 de maio passado, em Barcelona, se realizou a cirurgia. O objetivo? Que Vidal chegue 100% recuperado ao evento no Brasil.

Não é preciso ser adivinho para saber que a incerteza tomou conta da grande maioria dos chilenos. Uma operação desse tipo, segundo muitos médicos, deveria ter uma recuperação de pelo menos um mês e meio, o que eliminaria o meio-campista da disputa da Copa.

Sua fé, e a de milhões e milhões de compatriotas, convidam à esperança. Vidal é fundamental no esquema de Jorge Sampaoli. Não é por acaso que o Chelsea, o Real Madrid, o Manchester United e o Barcelona estão de olho nele. A resposta da Juventus não demorou. Quem quiser ter o polivalente jogador deve desembolsar US$ 70 milhões.

A esta altura, pouco importa aos chilenos a futura equipe de Vidal. As orações são dirigidas a outro objetivo: que se recupere e seja o destaque que todos esperam no Brasil 2014.

*O Carteiro da Ilha Negra, pseudônimo do jornalista chileno que analisa a Copa 2014 para o UOL Esporte, é uma referência a Mario Jiménez, personagem da obra “O Carteiro e o Poeta”.


Basta uma geração dourada para o Chile surpreender?
Comentários Comente

UOL Esporte

O Carteiro da Ilha Negra*

Sem dúvida que este Mundial é vivido de maneira diferente no Chile. A efervescência provocada nos torcedores para conseguir ingressos e a grande quantidade de compatriotas que viajarão ao Brasil sem ter um ingresso deram a esse evento planetário um caráter muito diferente daquele da África do Sul.

E os motivos podem ser muitos. Para começar, a proximidade do país sede. É indubitável que viajar ao Brasil – não são poucos os que o farão de automóvel – é muito mais fácil do que ir ao continente africano. Além disso, é a primeira vez que o Chile se classifica para dois mundiais consecutivos. Mas, e nisto é preciso ser responsável, são milhares aqueles que pensam que o Chile poderá ser uma surpresa.

Há algo nesta geração que apela à ilusão. O momento de Alexis Sánchez no Barcelona, de Arturo Vidal na Juventus, de Charles Aránguiz no Internacional de Porto Alegre, de Eduardo Vargas no Valencia e de Gary Medel no Cardiff, só para citar alguns, faz que essa ilusão seja mais viva que nunca.

Muitos falam da geração dourada do futebol chileno. Uma geração que foi a base do terceiro lugar do Mundial sub 20 do Canadá, em 2007. Uma geração que se esqueceu dos triunfos morais e que sonha em ser campeã do mundo. Uma geração que joga em sua maioria nas grandes ligas da Europa. Uma geração que abandonou em idade precoce o futebol chileno para desenvolver-se longe de casa.

Isso basta para fazer um bom papel? Não. Mas ajuda. Austrália, Holanda e Espanha são os rivais a vencer. No papel, um grupo mais que complicado, no qual se brigará para avançar à fase seguinte com os finalistas da edição passada.

No entanto, o que foi exibido em amistosos contra potências (Inglaterra, Espanha, Alemanha e Brasil), a filosofia de jogo de Jorge Sampaoli e a mentalidade dos selecionados são motivos mais que suficientes para que um país inteiro mantenha viva a ilusão até que toque o apito em 13 de junho, dia em que o Chile ficará paralisado para ver a estreia de nossa seleção contra a Austrália.

*O Carteiro da Ilha Negra, pseudônimo do jornalista chileno que analisa a Copa 2014 para o UOL Esporte, é uma referência a Mario Jiménez, personagem da obra “O Carteiro e o Poeta”.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>