O modelo inglês e por que ele não serve para o futebol brasileiro
UOL Esporte
Por Tim Vickery
Eu estava em uma visita rápida a Londres quando me chegou a notícia de que o Manchester United havia demitido o técnico David Moyes. No rádio, ouvi um boletim que citava a palavra ''marca'' três vezes em 10 segundos e depois tratava dos efeitos da novidade no preço das ações do clube, na Bolsa de Nova York.
Esse é um futebol completamente diferente daquele com o qual cresci, apesar de toda essa mudança já estar em curso quando me mudei para o Brasil há 20 anos. Uma indústria que antes era de pouco investimento e baixo lucro transformou-se em um monstro do entretenimento global. Naquela corda bamba em que o futebol caminha entre o ''negócio'' e a ''cultura'', está claro de que lado o futebol inglês ficou.
O ponto da virada, o fundo do poço, foi certamente o desastre no estádio de Hillsborough, há 25 anos, quando 96 torcedores foram esmagados até a morte como consequência de uma operação incompetente da polícia. Nos 15 anos anteriores, os torcedores vinham causando tantos problemas de ordem pública, que a premissa básica de ''controle de multidões'' acabou esquecida: a mera presença de tantas pessoas em um espaço reduzido, por si só, passou a ser vista como uma ameaça para a segurança.